Mulheres na Economia Solidária

Segundo a pesquisa Empreendedorismo Feminino de 2022, realizada pelo Sebrae, chegou a 10,3 milhões o número de mulheres donas do seu próprio negócio. Um recorde, desde quando a pesquisa começou a ser feita em 2016. Apesar dessa crescente, 9 em cada 10 mulheres ainda administram os seus negócios sozinhas.

No território Sertão do São Francisco o Centro Público de Economia Solidária (Cesol-SSF) beneficia diretamente com seu projeto cerca de 1.747 famílias. Entre os 128 empreendimentos assessorados pelo Cesol, há uma porcentagem expressiva de grupos geridos somente por mulheres. O intuito da entidade é fortalecer e empoderar essas empreendedoras, como exemplo a AMAFE.

A Associação de Mulheres em Ação da Fazenda Esfomeado - AMAFE surgiu no ano de 2013, a ideia era ter uma atividade em que houvesse um protagonismo feminino. Sendo assim, elas foram em busca desse sonho. Inicialmente as 12 mulheres participaram de alguns eventos pelas redondezas do município de Curaçá, e em uma dessas festividades decidiram trabalhar fazendo sequilhos.

Como era algo novo para elas, então resolveram aprender a fazer o sequilho através de oficinas. E a nova empreitada deu certo, visto que foram convidadas para participar de uma feira um mês após o início da produção. E nesse evento o grupo conheceu o Cesol-SSF.  A partir daí surgiu uma parceria que já dura mais de 10 anos.

Inclusive foi o Cesol que ajudou na formalização jurídica da AMAFE. A colaboração entre o Centro Público e o empreendimento tem permitido um salto no desenvolvimento da economia solidária no território Sertão do São Francisco. Através dos estudos de viabilidade, formações, eventos, e visitas técnicas o grupo conseguiu evoluir nesse tempo de parceria, seja interna ou externamente.

Cristiane Ribeiro, uma das representantes do grupo afirma: “O conhecimento foi primordial, se a gente não conhece a gente não avança”. Atualmente o empreendimento conta com 19 associadas e dessas, 5 fazem parte da produção e realizam demais funções. O grupo produz geleiadas, sequilhos e uma variedade de licores.

Foto: Sheila Feitosa

“Através da AMAFE queremos mostrar que o espaço da mulher é onde ela quiser” Cintia Graciela, representante do empreendimento. A meta para 2024 é ter a AMAFE como única fonte de renda. Anteriormente o grupo trabalhava para construir o espaço e realizar pagamentos voltados à produção e comercialização dos produtos. No entanto, as empreendedoras acreditam que está chegando o momento de ter renda fixa a partir da comercialização dos seus produtos.

Para alcançar o objetivo, o empreendimento buscou uma nova marca e aderiu ao nome Dona Odete, inspirado em uma moradora da comunidade, responsável por um trabalho social resistente no distrito, uma verdadeira empreendedora social. Inclusive foi elaborado um livro intitulado As “Odetes”: protagonismo sociopolítico através do trabalho com a terra.

O livro foi feito a partir de entrevistas com Dona Odete e seu esposo José, relatando histórias da comunidade, e a trajetória de mulheres que representam o município de Curaçá desde os anos 70. Apesar de não saber ler e escrever, Dona Odete tinha o conhecimento, além disso, sua vida de luta e resistência serviu como inspiração para outras mulheres.

Como exemplo a AMAFE, inclusive o grupo já foi citado em trabalhos acadêmicos de mestrado e doutorado fomentando a multiplicação de ideias. “De forma direta ou indireta conseguimos inspirar outras mulheres, esse é um dos objetivos da entidade. Promover a curiosidade no outro, para que possa enxergar potencialidade”, disse Cristiane Ribeiro.

Você pode encontrar os produtos da AMAFE em nossa loja, Empório Meu Sertão e ajudar a fortalecer o caminho dessas mulheres fortes e determinadas.